terça-feira, 23 de agosto de 2016



CHEGA DE MI MI MI

Pois por amor a ti suporto zombaria, e a vergonha cobre-me o rosto.
Sou um estrangeiro para os meus irmãos, um estranho até para os filhos da minha mãe; pois o zelo pela tua casa me consome, e os insultos daqueles que te insultam caem sobre mim.
Até quando choro e jejuo, tenho que suportar zombaria; quando ponho vestes de lamento, sou motivo de piada.
Salmos 69:7-11

Frequentemente lemos no Facebook algum debate a respeito do comportamento de pessoas influentes no meio evangélico, estejam eles no altar ou fora dele. Invariavelmente tem alguém pra citar Mateus 7:1-6 com um severo alerta a respeito do julgamento emitido.
Oras, eu me pergunto, vocês comem tudo o que é vendido nos mercados? Usam qualquer tipo de roupa que é vendida nas lojas? Andam com qualquer tipo de pessoas?
Claro que não!
Amigos, como é que vocês decidem o que é bom para alimentar suas famílias e seus corpos?
Como vocês decidem se devem ou não ir a um determinado lugar?
Como vocês escolhem a igreja que frequentam?
Tudo isso é feito a partir de julgamento.

Vejamos o que o dicionário Houaiss nos diz sobre a palavra JULGAR.
  verbo
1.    Rubrica: jur.     tomar (uma decisão), na qualidade de juiz
2.    Rubrica: jur.     sentenciar, pronunciar uma sentença (de condenação ou de absolvição)
3.    emitir parecer, opinião sobre (alguém ou alguma coisa); formar conceito, opinião
4.    decidir, após reflexão; considerar
5.    decidir que algo pertence a ou se transfere para (outrem); adjudicar
6.    supor(-se), imaginar(-se), considerar(-se), pensar

Ora, até onde eu pude ver em diversos casos que aparecem nos comentários do  Facebook o que fazemos é:
3. emitir parecer, opinião sobre (alguém ou alguma coisa); formar conceito, opinião
4. decidir, após reflexão; considerar

E isso nós podemos, sim, fazer.
Uma vez que existem falsos profetas pelo mundo afora, eu tenho sim, que avaliar, considerar, julgar o que convém ou não para a minha vida. A minha profissão de fé em Cristo deve, antes de tudo, fazer com que eu diminua e Ele cresça.

O conselho expresso em Mateus 7:1-6 refere-se ao julgamento injusto e quando não há verdade no seu julgamento ou censura. É um ensino provavelmente baseado no comportamento dos fariseus, que censuravam os outros em tudo, sem jamais reconhecerem a presença de qualquer defeito neles mesmos.

O ensino de não julgar traz embutido a postura de nos colocarmos na posição do outro para podermos emitir nosso parecer. A isto chamamos misericórdia.
Há aí uma advertência acerca da severidade da justiça própria, e não um conselho para que tenhamos atitudes de passividade ou neutralidade sobre questões morais ou situações como as muitas que a igreja e pessoas vivem hoje. Não é uma orientação para vermos alguns absurdos e ficarmos calados, dizendo, coitadinho, ou ela vai aprender um dia, ou  esta igreja é assim mas é benção, ou ainda, esse pastor erra mas prega tão bem. Não é uma orientação para não emitirmos nossa avaliação e pensamento, pois isso gera pessoas acomodadas e os acomodados são alvos fáceis do engano.
Devemos, sim, estar atentos quando emitimos parecer a respeito de determinados assuntos, pois é esta medida que será usada contra nós ou a nosso favor. Aquilo que eu reprovo na vida do outro não pode acontecer em minha vida.

Vou transcrever algo muito interessante, retirado do Comentário Bíblico Expositivo de Warren W. Wiersbe.
“Os cristãos devem exercer discernimento pois nem todos são ovelhas. Alguns são cães ou porcos, outros são lobos vestidos de ovelhas! Somos ovelhas do Senhor, mas isso não significa que devemos nos deixar ser tosquiados por qualquer um!”
Você não será consumido pelo zelo pela casa do Senhor se não julgar, avaliar, medir os comportamentos e acontecimentos.
Pense nisto.