quarta-feira, 8 de março de 2017

DIA DE QUE?

Hoje é o dia Internacional da Mulher.
Dia de muitas festas, flores, abraços, mensagens e, parece, reconhecimento. Será?
O que estamos mesmo celebrando?
Continuamos ganhando menos do que os homens executando as mesmas tarefas que eles, continuamos sendo alvos de abusos através de palavras, piadas, constrangimentos, violência física dentro e fora de casa, e morte.
Ao mesmo tempo em que as mulheres estão mais qualificadas e há leis que finalmente as favorecem, o machismo cultural continua colocando a mulher de forma inferior, e a desqualifica quando atua em áreas de poder, exigindo cada vez mais dela no mundo do trabalho e matando-a por se sentirem dono de seu corpo e de seus sentimentos.

O que estamos mesmo celebrando?
O feminicídio, que é um termo usado para crimes de ódio baseado no gênero, amplamente definido como o assassinato de mulheres, está na moda como sempre esteve.
Os índices são assustadores.
No estado de São Paulo, entre novembro de 2015 e outubro de 2016, o Tribunal de Justiça contabilizou 132 casos de feminicídio. Só no mês de outubro, foram 25 mulheres mortas.

O que estamos mesmo celebrando?
Continuamos sendo alvos de piadas machistas, sexistas, e somos tratadas de forma pejorativa por comportamentos que desagradam os homens.
As propagandas utilizam o corpo da mulher como chamativo para vender seus produtos. Os programas mostram a mulher como interesseiras, burras, vagabundas, vulgares e vai por afora um mundo de vergonha.

O que estamos mesmo celebrando?
Os homens matam, em regra, quando recebem o não definitivo:
N
ão, eu não quero fazer sexo com você.
Não, eu não quero mais viver com você.
Não, você não vai entrar em minha casa.
Não, eu não vou deixar você me trancar em casa.
Não, eu não vou deixar você me beliscar, me chutar, me bater me xingar.

Por que isso acontece?
Isso acontece porque, apesar de tantas campanhas de esclarecimento, de delegacias da Mulher, muitas mulheres não denunciam, e muitas que denunciam desistem da denúncia.
Muitas mulheres que podem ir para abrigos, desistem do abrigo e voltam para o agressor.
As ameaças levaram a justiça a expedir mais de 7 mil medidas protetivas, mas as mulheres, depois de sentirem que o ex companheiro não representa mais ameaça, cancelam o pedido.

E os homens, qual a cooperação deles para que esta situação seja mantida?
Muitas Delegacias de Mulheres  carecem de pessoal especializado e nos IMLS a situação se torna mais constrangedora, pois a mulher, que já está envergonhada e sofrida se vê exposta a um tratamento muitas vezes vergonhoso.
Homens que fazem piadas contra mulheres, homens que riem das piadas que outros fazem esquecendo-se que esse tipo de comportamento perpetua uma atitude machista.
Homens que presenciam mulheres sendo constrangidas ou abordadas por outros homens e não fazem nada porque pensam (mas negam que pensam), que ela fez alguma coisa para merecer aquele tipo de agressão.

Como mudar isso?
Esse dia me fez lembrar de Débora, juíza em Israel, líder militar, dona de casa.
Em um tempo de guerra,
Baraque,  um líder de Israel na época da opressão por parte de Jebim, rei de Canaã, estava disposto a obedecer Débora, mas insistiu que ela fosse com ele. Ela concordou, porém disse a Baraque que assim ele cederia a uma mulher a honra de capturar Sísera.
E a honra foi de Débora.
Temos que fazer como Débora, exigir aquilo que é nosso direito, lutar contra a opressão, não ceder a caprichos e mesmo sendo líderes, ousadas e batalhadoras, continuarmos sendo aquela que agrega, que cuida, que transforma casas em lares.
Nossa luta não para. Nós sempre podemos ir mais longe. Não se cale, denuncie.
Mulheres precisam ajudar mulheres, porque juntas somos mais fortes.