domingo, 14 de agosto de 2011

Ser Poeta


Florbela Espanca

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

                                         Florbela Espanca

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ei! Quem é o teu senhor?


Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?  Mateus 6:24,25

Muitas pessoas pensam que satanás é um senhor que pode ser servido e adorado, como Deus é adorado, mas a Bíblia nos mostra claramente que a grande luta do homem é decidir entre servir a Deus ou a Mamom.
MAMOM - Palavra aramaica que significa "riquezas" e esse termo foi usado por Jesus para designar uma entidade que existe no reino espiritual, adorado como “deus das finanças”.

O que Jesus nos fala aqui não é a respeito de ter ou não dinheiro, de ter muito ou de ter pouco. Não fala de voto de pobreza, nem sobre o gastar excessivamente.
O texto nos fala a respeito do quanto gastamos para servir, atender, conseguir, manter este deus “riquezas” em nossas vidas.

As pessoas trabalham para ganhar o pão de cada dia. Para isso o trabalho existe. Mas, o mundo e seu sistema têm levado o homem e buscar mais do que o pão diário e muito mais do que é necessário.
Nesse corre-corre, homens e mulheres se entregam de corpo e alma a obter o dinheiro.

Não importa o clima, pode estar chovendo, ele vai para o trabalho. Pode ter greve de todos os meios de condução, ele arruma uma forma de ir trabalhar. Quando está doente, só falta se estiver morrendo e se precisa faltar, ele arruma um atestado médico. Se  for preciso faz hora extra.
Mas, essa mesma pessoa, se estiver chovendo não vai à igreja, se não tem ônibus, também não vai. Doente? Melhor ficar em casa e sem a preocupação de avisar aos pastores. Se for preciso “fazer uma hora extra na igreja”, imagine a cara feia.

A grande pergunta é: Quem você está valorizando mais em sua vida?
Como você pode saber se está preso a Mamom?
O seu dinheiro acaba antes do dinheiro e você fica ansioso?
Quando o mês termina você não consegue listar com que gastou seu dinheiro?
Você compra compulsivamente? Compra coisas que não precisa e até nem usa?
Está devendo no banco, no cartão, nas lojas e até para parentes e amigos?
Vive querendo mais e mais? Nunca está satisfeito com o que tem ou ganha?
Não consegue dizimar?

“Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos” 1Tm 6:10

No mundo temos a ação de 2 sistemas, o de divino e o satânico.
Um número cada vez maior de pessoas segue os princípios do mundo na maneira como gastam seu dinheiro. Estes valores são malignos, incontroláveis e levam as pessoas a fazerem loucuras na busca desenfreada para terem cada vez mais.
“Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes . 1 Tm 6:8

Faça as contas, você vai descobrir que pode esperar um pouco mais para ter algo que precisa (ou deseja) sem pagar o dobro do valor devido a juros exorbitantes.
Não há chance de vivermos felizes, fora dos princípios bíblicos.
Podemos aprender muito sobre finanças na leitura e estudo da Bíblia.
Precisamos aprender, como cidadãos do Reino de Deus, a usar  dinheiro, como ganhar, gastar e guardar. Os 3 Gs das finanças.

Faça essa oração:
Duas coisas te peço; não mas negues, antes que eu morra: afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus.
Provérbios 30:7-9

domingo, 7 de agosto de 2011

SÚPLICA


Florbela Espanca

Olha pra mim, amor, olha pra mim;
Meus olhos andam doidos por te olhar!
Cega-me com o brilho de teus olhos
Que cega ando eu há muito por te amar.

O meu colo é arrninho imaculado
Duma brancura casta que entontece;
Tua linda cabeça loira e bela
Deita em meu colo, deita e adormece!

Tenho um manto real de negras trevas
Feito de fios brilhantes d`astros belos
Pisa o manto real de negras trevas
Faz alcatifa, oh faz, de meus cabelos!

Os meus braços são brancos como o linho
Quando os cerro de leve, docemente…
Oh! Deixa-me prender-te e enlear-te
Nessa cadeia assim etemamente! …

Vem para mim,amor…Ai não desprezes
A minha adoração de escrava louca!
Só te peço que deixes exalar
Meu último suspiro na tua boca!…


Florbela Espanca - Poetisa Portuguesa.
(Vila Viçosa, Portugal - 8 de Dezembro de 1894 — Matosinhos, Portugal - 8 de Dezembro de 1930), batizada com o nome Flor Bela de Alma da Conceição. 
A sua vida de trinta e seis anos foi tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade. 
Mesmo antes de seu nascimento, a vida de Florbela Espanca já estava marcada pelo inesperado, pelo dramático, pelo incomum.
Seu pai, João Maria Espanca era casado com Maria Toscano. Como a mesma não pôde dar filhos ao marido, João Maria se valeu de uma antiga regra medieval, que diz que quando de um casamento não houver filhos, o marido tem o direito de ter os mesmos com outra mulher de sua escolha. Assim, no dia 8 de dezembro de 1894 nasce Flor Bela Lobo, filha de Antónia da Conceição Lobo. João Maria ainda teve mais um filho com Antónia, Apeles. Mais tarde, Antónia abandona João Maria e os filhos passam a conviver com o pai e sua esposa, que os adotam.
Em 1903, aos sete anos, faz seu primeiro poema, A Vida e a Morte. Desde o início é muito clara sua precocidade e preferência a temas mais escusos e melancólicos.
Em dois de dezembro de 1930, Florbela encerra seu Diário do Último Ano com a seguinte frase: “… e não haver gestos novos nem palavras novas.” Às duas horas do dia 8 de dezembro – no dia do seu aniversário Florbela D’Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo dois frascos de Veronal. Algumas décadas depois seus restos mortais são transportados para Vila Viçosa, “… a terra alentejana a que entranhadamente quero”.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ORGULHO E RENÚNCIA



J.G. de Araújo Jorge

Não penses que a mentira me consola:
parte em silêncio, será bem melhor...
Se tudo terminou, a tua esmola
meu sofrimento ainda fará maior...

Não te condeno nem te recrimino,
ninguém tem culpa do que aconteceu...
Nem posso contrariar o meu destino
nem tu podias contrariar o teu !

Sofro, que importa? mas não te censuro,
o inevitável quando chega é assim,
- se esse amor não devia ter futuro
foi bem melhor precipitar seu fim...

Não te condeno nem te recrimino,
tinha que ser!  Tudo passou, morreu!
Cada qual traz do berço o seu destino
e esse afinal, bem doloroso, é o meu!

Estranho, é que a afeição quando se acabe
traga inútil consolo ao nosso fim
quando penso, que ainda ontem, - quem o sabe?
tenhas sentido algum amor por mim...

Não procures mentir... Compreendo tudo.
Tudo por si justificado está:
- não tens culpa se te amo... se me iludo,
se a vida para mim é que foi má...

Vês?  Meus olhos, chorando, estão contentes
Não fales nada.  Vai !  Ninguém te obriga
a dizeres aquilo que não sentes,
nem eu preciso disto minha amiga...

Parte.  E que nunca alguém sofrer te faça
o que sofri com o teu ingênuo amor;
-pensa que tudo morre, tudo passa,
que hei de esquecer-te, seja como for...

Pensa que tudo foi uma tolice...
Só mais tarde, bem sei, - compreenderás
as palavras de dor que não te disse
e outras, de amor... que não direi jamais !

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ele está nu! O rei está nu!


Ilustração Roberto Weigand

A ROUPA NOVA DO REI
(HANS CHRISTIAN ANDERSEN)

Um homem, conhecendo a vaidade de um rei de determinado país, se fazendo passar por um alfaiate de terras distantes, diz a ele que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, como ninguém teve uma igual antes. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao alfaiate que fizesse uma roupa dessas para ele.
Este homem recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis. Quando as pessoas iam ver a roupa e nada enxergavam  ele dizia que apenas as pessoas mais inteligentes, astutas e de coração puro poderiam vê-la. Então todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.
Até que um dia, o rei se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto "alfaiate". Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei disse que nada via ali, mas o “alfaiate” deu-lhe a mesma explicação, o que levou o rei a dizer: "Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!", embora não visse nada além de uma simples mesa.
Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do bandido, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas, e o rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais.
Foi para a rua, com sua “bela” roupa e todos aplaudiram, do ajudante mais próximo até o mais simples servo do reino.
Porém, uma criança que estava entre a multidão, em sua imensa inocência, achou aquilo tudo muito estranho e gritou:
- Coitado!!! Ele está completamente nu! O rei está nu!
O povo, então, enchendo-se de coragem, começou a gritar:
- O rei está nu! O rei está nu!
O rei, ao ouvir esses comentários, ficou furioso por estar representando um papel tão ridículo! O desfile, entretanto, devia prosseguir, de modo que se manteve imperturbável e os camareiros continuaram a segurar-lhe a cauda invisível.
O rei, muito revoltado pela falta de fidelidade de seus súditos, por ter sido exposto a uma situação que já poderia ter sido resolvida anteriormente se ele tivesse sido avisado, volta para seu palácio indignado e dispensa todos os seus infiéis servidores”.

O orgulho e a vaidade cercam-se de bajuladores.
"A bajulação é a moeda falsa que só circula por causa da vaidade humana."
François de La Rochefoucauld

Assim, muitos líderes se apresentam diante do povo, nus!
São homens e mulheres no poder, seja ele no mundo secular o no eclesiástico, que cercam-se de pessoas de quem eles não querem a opinião.
São também cercados por pessoas que deixam estes líderes mostrarem a sua nudez emocional, relacional, comportamental, de caráter, de ética, pois não lhes importa dizer a verdade, com medo dos benefícios que podem perder.
São os ajudantes do naufrágio.
Ninguém quer ouvir, ninguém quer falar. Afinal de contas, se o líder errar, o problema é dele, ele fez sozinho, como quis, arque com as conseqüências.
Mas, quando você está ao redor de um destes poderosos, você tem a obrigação de lhes dizer quando eles estão se expondo demais, quando estão infringindo regras, leis, normas, quando estão usurpando lugares, praticando injustiça, quebrando princípios.

Quando você vê e fica calado você torna-se cúmplice de suas obras infrutíferas.
Muitos não falam por conveniência. Não querem perder seus cargos, títulos, possibilidades no futuro. Não querem perder sua falsa estabilidade, o poder de estar perto de alguém “grande”e “poderoso”. 
Gostam da bajulação. Gostam dos tapinhas nas costas.
Falando sério, bajuladores são um asco. Eles se prestam a serem a boca, a voz e algumas vezes, a ação de seus chefes.
Outros não falam porque têm o “rabo preso”. São pessoas amarradas no comprometimento de pecados divididos. Pessoas que não se sentem com autoridade moral para apontar erros ou também porque usufruem e gostam do que recebem. 
Isso é um absurdo, pois amarra a vida de todo mundo.

Por incrível que pareça, a baixa auto estima está super vinculada a orgulho, soberba, vaidade. Pessoas com história de vida de abuso emocional, parental, físico, histórias de abandono, palavras depreciativas e coisas similares, tendem, por compensação, a serem adultos do tipo “peito de pombo”. São pessoas rígidas, que rejeitam sinais de fraqueza, que andam com o peito estufado, com uma falsa modéstia, que ignoram e ridicularizam toda tentativa de ajuda.

Veja abaixo algumas características destas pessoas:

* As principais reações e características do tipo predominantemente orgulhoso são:
a) Amor-próprio muito acentuado: contraria-se por pequenos motivos;
b) Reage explosivamente a quaisquer observações ou críticas de outrem em relação ao seu comportamento;
c) Necessita ser o centro de atenções e fazer prevalecer sempre as suas próprias idéias;
d) Não aceita a possibilidade de seus erros, mantendo-se num estado de consciência fechado ao diálogo construtivo;
e) Menospreza as idéias do próximo;
f) Ao ser elogiado por qualquer motivo, enche-se de uma satisfação presunçosa, como que se reafirmado na sua importância à sua posição social e ao prestígio pessoal;
g) Preocupa-se muito com sua  aparência exterior, seus gestos são estudados, dá demasiada importância à sua posição social e ao prestígio pessoal;
h) Acha que todos os seus circundantes (familiares e amigos) devem girar em torno de si;
i) Não admite se humilhar diante de ninguém, achando essa atitude um traço de fraqueza e falta de personalidade;
j) Usa de ironia e do deboche para com o próximo nas ocasiões de contendas.

* A vaidade é decorrente do orgulho e dela anda próxima. Destacamos adiante as suas facetas mais comuns:

1) Apresentação pessoal exuberante (no vestir, nos adornos usados, nos gestos afetados, no falar demasiado);
2) Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais com notória antipatia provocada aos demais;
3) Intolerância para com aqueles cuja condição intelectual ou social é mais humilde, não evitando referências desairosas.
4) Aspiração a cargos ou posições de destaque que acentuem as referências respeitosas ou elogiosas à sua pessoa;
5) Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de descontentamento diante de infortúnios por que passa;
6) Obstrução mental na capacidade de se autoanalisar, não aceitando suas possíveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade imerecida, o azar.
* As características do Orgulho e da vaidade foram retiradas do site do recantodasletras.

Tanto o vaidoso quanto o orgulhoso não conseguem ter perto de si pessoas que pensem, que falem a verdade, que possuam opinião formada sobre o que é certo, errado, bom, mau, bonito, feio, agradável, desagradável, permitido, proibido.
O senhores vaidoso e orgulhoso não suportam confronto, avaliação, discordância. Eles querem cordeirinhos. Eles querem os aplausos.
Pessoas de risinho fácil, de paparicação, que os coloquem sobre um altar, gente que concorde com tudo, sem questionar a autoridade destes homens, ou mulheres também, claro.
Capachos. Alguém que faça tudo o que eles mandam. Serviçais.
O orgulhoso e o vaidoso são mestre na bajulação para conseguirem que lhes façam o trabalho que eles não querem fazer, porque eles gostam somente da hora dos holofotes.

A vaidade, o orgulho, a soberba, sobem à cabeça e estas pessoas começam a se expor de tal maneira que são capazes de mostrar-se “nus” diante de uma multidão, achando que estão sendo o máximo.
Elas nao se resguardam, não se questionam, não andam no meio do povo e nao escutam suas vozes, não perguntam com sinceridade como elas estão, o que pensam do que elas estão fazendo, como vai o reino, etc
Até que um dia, um dos pequeninos, alguém a quem pouco se dá valor, o menor da casa, tem a coragem de olhar e dizer: O REI ESTÁ NU.
Se você é rei e acha que está abafando, é bom prestar atenção no que andam falando de você às escondidas.

“O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço”.
Provérbios 8:13