terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
OH, PEDAÇO DE MIM...
E de repente, tudo acabou.
Somente agora me sinto pronta para escrever alguma coisa sobre a partida de 234 pessoas, numa noite em Santa Maria.
E penso nos pais, nas mães, algumas esposas, maridos, filhos, amigos.
E sobe uma música do Chico Buarque, que é um lamento no meu coração...
“Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu”.
Dor, muita dor.
Dor de 234 leitos vazios, de camas que não serão usadas novamente por seus donos.
Dor de preocupações que não mais darão. De cuidados, de disciplinas, de castigos que não mais serão impostos.
Dor do “benção, mãe”, que não será falado novamente. Do beijo que não será dado nem recebido.
Dor de noites acordadas esperando o filho chegar, que não mais acontecerão.
Dor de pratos que não mais ficarão guardados no micro-ondas, esperando o filho chegar em casa.
Dor de comidinhas gostosas, de bilhetinhos, de e-mails, de tantas coisas que não serão vividas novamente.
Quanta dor. Como isso doeu em meu coração. Como mãe.
E o que ficou? O que cada um deixou?
E quem ficou, como viverá? Tempo, somente o tempo, aplacará a alma destas pessoas vitimadas por esta tragédia.
Para mim, isso foi mais uma lição para o meu viver diário.
Não vou sonegar o meu amor pra ninguém, não vou encaixotar meus beijos, não vou armazenar os meus abraços, não vou congelar as boas palavras que estão em minha boca e meu coração.
Sou exagerada, extravagante, ardente. Quero amar e dizer que amo. Que amo todo mundo. Amo quem presta, e quem não presta, quem é feio e quem é bonito. Quem me ama e quem não me ama.
Eu posso não gostar e não aprovar o que você faz, mas eu te amo.
Amo, digo que amo, e quando encontro eu abraço e beijo. E se você me ofender, não vou guardar nada no meu coração, isso pode me matar antes do tempo. Vou te perdoar, e quando te encontrar de novo, sou capaz até de chorar de alegria, e vou te dizer que te amo.
Escrevo bilhetinhos, gosto de estar junto. Distribuo o que tenho, faço questão que tenham uma boa lembrança de mim. Quando eu for embora, quero que você lembre-se de mim e diga coisas boas a meu respeito, diga que semeei o bem em sua vida.
Sei que fui chamada para reconciliar, para juntar, para agregar, não para espalhar.
Ao sair de casa, diga que ama. E quando chegar, diga de novo. Antes de dormir, diga que ama. Depois de uma briga, faça as pazes, diga que ama.
Demonstre o amor, que não seja somente de palavras, mas também de atitudes.
A vida por aqui é tão curtinha, e temos um estoque de amor eterno, porque o amor jamais acaba. Não economize, gaste, ele frutifica.
E na hora que você partir, vá com a certeza de ter deixado coisas boas para serem lembradas a seu respeito.
Nossa oração deve continuar por tantas famílias enlutadas.
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